Assim, por exemplo,
algumas pessoas sugeririam a realização da eutanásia (assassinato deliberado)
em um corpo vivo que já não é visto como pessoa. Se a alma tiver deixado o
corpo, então isto não poderia ser tido como assassinato; porém, se ela ainda
estiver ali, então o ato seria de assassinato, pois um ser humano inocente
teria sido morto deliberada e intencionalmente.
Eu resolvi escrever
estas linhas porque recentemente a minha mãe faleceu, em idade bem jovem,
devido a um aneurisma cerebral totalmente inesperado e imprevisível, com o qual
nasceu e que não era do conhecimento de ninguém. Certo dia, por volta das 15:00
horas, ela passou mal enquanto ligava para o consultório médico, pois estava
tendo visão dupla; e por volta das 17:00 do dia seguinte, faleceu. Felizmente,
eu fui capaz de rapidamente viajar de avião para Fayetteville (Arkansas, EUA),
chegando a tempo para passar várias horas ao seu lado, falando
[unilateralmente] com ela. Eu também fiquei certo da sua salvação.
Embora em momento
algum tenha aparecido a sugestão de se cometer eutanásia, enquanto ela ainda
vivia, alguém me sugeriu, como conforto, que sua alma teria deixado o corpo no
dia anterior, por volta das 15:00 horas, quando ela perdeu a consciência.
Sob essas circunstâncias,
eu não iniciei um debate, mas actualmente vejo que essa atitude foi errada. A
perda da consciência não significava a perda da alma, caso contrário alguém
poderia perder a alma sempre que adormecesse (ou, pelo menos, sempre que
estivesse sob os efeitos de anestesia geral, quando nem sonhar pode).
A Bíblia
implicitamente nos informa o momento em que a alma deixa o corpo quando diz:
“Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem
obras é morta” (Tiago 2,26). Então, quando é que o corpo morre? Quando ele é
afastado da alma. E quando é que a alma o deixa? No ponto da morte.
Isto reflecte um fato
básico de antropologia teológica cristã: a alma não é apenas uma coisa que
habita o corpo; é o princípio vital do corpo, a forma substancial do corpo; eis
porque quando a alma deixa o corpo, o corpo morre e se desintegra, perdendo a
forma integral que o mantinha unido [à alma]. O mesmo é verdade para as partes
do corpo; quando a alma deixa uma parte do corpo (ou é forçada a deixá-lo devido
a um ferimento grave), aquela parte morre e se desintegra (p.ex: devido a
gangrena ou amputação).
O ponto em que a alma
deixa o corpo é aquele em que a ciência médica se refere como “morte somática”
ou “morte corporal” (“soma” é a palavra grega empregada para “corpo”). Quando o
corpo, como uma entidade única, morre – não apenas quando algumas células dele
morrem ou quando alguns órgãos dele morrem (ainda que seja o cérebro ou o
coração, apesar que a morte destes normalmente acaba levando à morte todo o
corpo) – então é aí que a alma o deixa.
consegue viver por algum tempo quando extraída do corpo), mas o corpo em si, como um todo, como um sistema, está morto e é quando sabemos que a alma o deixou. Até esse momento, o corpo vivo deve ser tratado com todo o respeito, pois ainda que a pessoa esteja inconsciente é – ele ou ela – uma pessoa viva. Com efeito, ele ou ela não poderão ser assassinados pela eutanásia.corpo em si, como um todo, como um sistema, está morto e é quando sabemos que a alma o deixou. Até esse momento, o corpo vivo deve ser tratado com todo o respeito, pois ainda que a pessoa esteja inconsciente é – ele ou ela – uma pessoa viva. Com efeito, ele ou ela não poderão ser assassinados pela eutanásia.
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